Flávio Castro

Ano: 2015  |  Localização: Socorro, SP, Brasil  |  Área construída: 300m²  |  Área do terreno: 450m²  |  Render: Henrique Ribas   

A casa esta composta por dois elementos. Um cubo de concreto e um prisma de madeira. A partir disso, toda espacialidade é definida e organizada. Aberturas estratégicas foram feitas na caixa de concreto para que a luz solar pudesse entrar e, ao mesmo tempo, a partir dessas mesmas aberturas, o morador possa observar a paisagem do entorno, extremamente bucólica. Esse artificio faz com que consigamos emoldurar a paisagem e tratá-la como parte do projeto.  Levamos em consideração a insolação e a linda vista para fazer as aberturas na fachada noroeste, assim como a ventilação cruzada que ocorre entre as fachadas frontal e posterior a partir da abertura dos caixilhos. Tudo isso contribui para  sustentabilidade da arquitetura proposta, além do aquecimento da água através da energia solar. Um reservatório localizado na cobertura armazena a água quente e distribui para toda a casa através de tubulações. As estratégicas aberturas nas fachadas e teto permitem não seja necessário o uso de luz artificial durante o dia. Na planta do pavimento térreo , a metade esquerda é ocupada pelo serviço e pela cozinha, que se abre para a outra metade, composta pelas salas de pé-direito duplo completamente abertas para as fachada frontal e posterior.  No pavimento superior, as três suítes são acessadas por uma sala íntima imediatamente acima da cozinha, que estabelece uma relação direta com as salas de pé-direito duplo. Os valores agregados aos materiais aplicados como o cromatismo, textura e transparência foram minuciosamente escolhidos em virtude das intenções buscadas em cada espaço. Ao passo que a transparência integra, o concreto se abstém. As paredes e laje em concreto estruturam os espaços, ao passo que as grandes portas de vidro trazem a paisagem para o interior da casa. O volume superior, destacado  pela própria volumetria e função, é revestido de madeira, conferindo aconchego aos espaços em contraponto a frieza do concreto e vidro. Os materiais são sinceros. O concreto, vidro, madeira e aço se mostram em sua essência, sem disfarces. Os pisos e paredes recebem o mesmo revestimento dentro e fora da casa, o que contribui para fragilizar o limite entre dentro e fora. Os espaços são interligados e constantemente, pelos diversos percursos comuns dentro da casa, a dialética entre “ver” e “ser visto” acontece, deixando claro que se trata de um projeto contemporâneo. O método construtivo é padrão da região, concebido a partir do concreto armado e apenas poucos pilares metálicos.