Flávio Castro

Ano: 2025 | Localização: Zurich, Suíca | Área: 200m²

Localizado em meio à paisagem alpina, o Apartamento Zurich foi concebido como uma extensão da natureza ao interior — um abrigo sofisticado que valoriza o silêncio, a textura e a densidade dos materiais. A premissa principal foi criar um espaço contemporâneo que não nega seu entorno natural, mas o celebra a partir da matéria e da luz. Logo na entrada, a presença marcante da ilha em pedra bruta — uma rocha natural não lapidada — traduz literalmente o desejo da cliente de trazer a natureza para dentro de casa. Este elemento escultórico se torna o ponto de partida conceitual e simbólico do projeto, funcionando como âncora visual e sensorial da cozinha e da área social. A arquitetura de interiores se organiza a partir de três grandes volumes que estruturam e conectam o apartamento: 1.      O volume da cozinha, que se estende e se desdobra pela casa. Mais que uma área de preparo de alimentos, ele se integra à chapelaria e camufla portas que levam à circulação e aos ambientes íntimos. A marcenaria contínua e acabamento refinado cria uma linguagem arquitetônica unificada e discreta. 2.      A estante da sala de estar, que integra lareira e a biblioteca. Este segundo volume se estende pela parede principal e dobra em direção ao corredor, também escondendo portas e transições de ambientes. Ele cria um gesto de acolhimento, envolvendo os usuários com arte, livros e calor — literal e emocional — do fogo. 3.      O volume da lareira, em pedra natural clara, acompanha toda a parede oposta à estante. Com linhas horizontais e proporções alongadas, ele reforça a sensação de amplitude e descanso, sendo ao mesmo tempo um elemento funcional e escultórico. O piso e o forro em madeira clara, com paginação elaborada, criam uma caixa térmica que remete à arquitetura tradicional alpina, enquanto o mobiliário contemporâneo e as obras de arte de galerias suíças adicionam uma camada afetiva e cultural ao projeto. A seleção cuidadosa das obras dialoga com a paisagem exterior, reforçando a ideia de que viver neste espaço é também contemplar — dentro e fora. No quarto, a atmosfera serena é construída com tons neutros, iluminação pontual e peças de design, incluindo mesas laterais translúcidas que brincam com luz e cor. Tudo no apartamento foi pensado para criar um refúgio — urbano, porém conectado à natureza. Contemporâneo, porém atemporal. Essencial, porém profundamente sensível.